terça-feira, 30 de novembro de 2010

Resenha Crítica

PARRA, Cecília. Didática da Matemática: Reflexões Psicopedagógicas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.

As autoras:
Delia Lerner, pesquisadora argentina, trata das especificidades do ensino da escrita em contexto de estudo nas diversas disciplinas escolares. No campo da pesquisa, Delia comenta o trabalho que está desenvolvendo acerca da interdidátida, no qual analisa a leitura e a escrita como objetos de ensino e também como ferramentas de aprendizagem de conteúdos de outras áreas.
Patrícia Sadovsky é doutora em Didática da Matemática; professora da Faculdade de Ciências Exatas e Naturais da Universidade de Buenos Aires (UBA) e pesquisadora do Centro de Formação e Investigação no Ensino das Ciências (CEFIEC).

O texto aqui apresentado desenvolve-se a cerca da pesquisa sobre a relação da criança e a escrita numérica e da inquietação das pesquisadoras quanto às dificuldades ao acesso destes pequenos ao sistema de numeração.
            Partindo do fator construtivista de que a criança já convive com o sistema de numeração antes de ingressar na escola possuindo então um conhecimento a cerca deste sistema de numeração, este estudo focou na necessidade de averiguar quais eram estes conhecimentos oferecendo às crianças através da comparação com os conceitos dos colegas elementos para detectar seus erros, obrigando-os assim a questionar e reformular suas idéias para que progressivamente compreendessem a notação convencional.
            Os dados obtidos a partir das entrevistas comprovaram a suspeita de que as crianças elaboram critérios próprios para produzir representações numéricas e que estas representações não seguem a ordem numérica convencional.
Não é possível generalizar a todas as situações, porém é fato de que a maioria dos entrevistados tem como critério de comparação “maior e menor” números de um algarismo e de dois algarismos, por exemplo a justificativa freqüente: é maior o que tem mais número, referem-se quando indagados se 12 é maior que 6. (pg 77)
Outro fator freqüentemente aparente é em relação a posição dos algarismos como critério de comparação. Ex: 12 é maior que 21? A maioria responde não, com a justificativa: “Porque o primeiro é quem manda.” (pg 83).  Fica claro que além de já descobrirem o vinculo com a quantidade de algarismo e a magnitude do número, sabem que seu valor depende da posição que se encontra.
Quanto ao conceito de dezena foi possível constatar que eles acertam os números que remetem a nota de dinheiro, por já terem uma familiarização com estes números, porém é fácil perceber que confundem na diferenciação da escrita dos números que possuem três casas, pois neste caso se diferem não mais pelo primeiro numero e sim pelo ultimo. Por exemplo, os entrevistados ficaram desconcertados quando pedissem que escrevesse 300 e 103, para a maioria trezentos se escreve 103, eles conservavam o 1 e o 0 de cem e modificavam apenas o último.
Foi possível constatar que estes pequenos elaboram conceitualizações da escrita dos números baseando-se na fala. Eles misturam os símbolos que conhecem de maneira que correspondem a maneira falada, escrevem como se fala. Ao pedir que escrevesse mil cento e cinco por exemplo, as crianças escreviam 1000 100 5, exatamente como se fala.
Como vimos, as crianças utilizam-se de critérios diferentes dependendo das situações, por um lado elas vinculam a numeração com a fala e por outro com a magnitude do numero representado. Em alguns casos as crianças ignoram os conflitos que aparecem quando suas estratégias não se encaixam em alguma situação, porém aparecerão momentos que cedo ou tarde terão que tomar consciência destes conflitos.
Quando se dão conta destes conflitos e ficam insatisfeitos com sua produção escrita, as crianças logo se dão conta que precisam efetuar correções, esses passos são necessários para a progressão da criança até a notação convencional.
Como vimos, o texto aqui resenhado, evidencia o quanto é importante o professor antes mesmo de promover o ensino numérico na vida escolar das crianças é imprescindível um estudo prévio a cerca do conhecimento que seus alunos possuem do sistema de numeração. Também ficou claro que cada um possui suas próprias estratégias para elaborar suas produções numéricas, cabe ao professor oportunizar ferramentas necessárias para que as crianças percebam seus conflitos e a necessidade de correções para superarem estes conflitos e progredirem sem traumas até chegarem à notação convencional.
Promover o crescimento intelectual das crianças a cerca dos números envolve primeiramente a aproximação do professor com o conhecimento prévio que estes possuem e dar a possibilidade de utilizar de outra maneira o conhecimento que já possuía é uma didática essencial para que se chegue em um dos objetivos principais da educação: fornecer as ferramentas necessárias para o desenvolvimento intelectual dos seus alunos.

Bibliografia:
PARRA, Cecília. Didática da Matemática: Reflexões Psicopedagógicas. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
Raquel Rosa.

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