terça-feira, 30 de novembro de 2010

Resenha: PARRA, Cecilia. Didática da matemática: reflexões psicopedagógicas. Porto Alegre: Artes Médicas, p. 73-108,1996.

Capítulo 5 – O sistema de numeração: um problema didático. (Delia Lerner e Patrícia Sadovsky)

Delia Lerner é uma educadora argentina, investigadora em didática da leitura e escrita e em didática da matemática. É professora do departamento de Ciências da Educação da Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Buenos Aires. Em língua portuguesa, tem publicado pela Artmed Editora: A matemática na escola: aqui e agora (1995); com Parra, C. et al. Didática da matemática: reflexões psicopedagógicas (1996); com Palacios, A. e Muñoz, M. Compreensão da leitura e expressão escrita: a experiência pedagógica (1998).
Patrícia Sadovsky é doutora em Didática da Matemática; professora da Faculdade de Ciências Exatas e Naturais da Universidade de Buenos Aires (UBA) e pesquisadora do Centro de Formação e Investigação no Ensino das Ciências (CEFIEC).
O capítulo cinco do livro de Parra tem como objetivo mostrar o estudo feito com cinqüenta crianças de cinco a oito anos, que permitiu analisar quais os aspectos do sistema de numeração que as crianças consideram relevantes ou de seu interesse, que idéias essas crianças têm acerca dos números, quais problemas constroem, que alternativas usam, o que elas percebem e sabem da matemática.
Para muitos a matemática é um “bicho-de-sete-cabeças”, apesar dos diversos recursos didáticos, as crianças tem extrema dificuldade no processo de aquisição do sistema numérico. Com isto, as autoras realizaram entrevistas clínicas com duplas de crianças, fazendo indagações sobre seus conhecimentos na escrita numérica, que nos permite analisar que o enfoque que tem se dado ao ensino do sistema de numeração nas salas de aula muitas vezes causa confusão para as crianças, e que existem novas modalidades de ensino que facilitam a compreensão desta notação numérica.
A partir destas entrevistas, notou-se que embora as crianças não reconheçam as unidades, dezenas e centenas, elas criam um critério de comparação para saber se um número é maior ou menor que o outro, assim como a posição dos algarismos cumpre uma função relevante em nosso sistema de numeração.
Percebeu-se também que embora não conheçam as regras do sistema são capazes de elaborar hipóteses referentes às conseqüências dessa regra (ex.: a vinculação entre a quantidade de algarismos ou sua posição e o valor do número) e utilizá-las como critérios válidos de comparação de números.
Outra questão que merece destaque é a confusão feita entre a numeração falada e a numeração escrita, onde as crianças escrevem aquilo que ouvem, por exemplo: duzentos e trinta e cinco, escrevem 20035. Esta relação numeração falada/numeração escrita apareceu diversas vezes nas entrevistas, o que nos faz refletir que as crianças supõem a vinculação destas duas formas de escrita, e reproduzem isto tanto no português (ex.: muintos, caza, familha), como na matemática.
Após as entrevistas e algumas reflexões sobre os resultados obtidos, as autoras tomaram consciência que de estes conflitos são comuns na infância, porém existem ferramentas para superar essas dificuldades. Outra questão que foi colocada em evidência é a capacidade das crianças de criar estratégias em relação à notação numérica, por mais que não entendam, elas fazem perguntas, criam problemas e superam conflitos.
Após a leitura desta parte do capítulo, foi possível fazer uma reflexão acerca da matemática nos primeiros anos de vida das crianças; é um processo complexo, onde existem diversas confusões e trocas, portanto é importante analisarmos e refletirmos sobre a didática usada em sala de aula, ver se os métodos tradicionais usados têm o resultado esperado. É interessante despertar o interesse para a matemática, mostrando sua utilidade no dia-a-dia, jogos envolvendo números, problemas do cotidiano, listagem de preços, calendários, notas fiscais, endereços, etc, tornando assim o ensino da matemática lúdico, prendendo a atenção do aluno, desmistificando o “monstro” que ainda existe por trás do ensino matemático.

Referências Bibliográficas:
http://www.submarino.com.br/portal/Artista/4107472/+delia+lerner
http://www.vila.com.br/reportagem3.asp (Acesso em 25/08/10)


FRANCINY OLIVEIRA

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